Diferença entre Limpeza Concorrente e Limpeza Terminal
- Fábio Carvalho
- 25 de out.
- 3 min de leitura
A limpeza concorrente e a limpeza terminal são práticas fundamentais no controle de infecções em ambientes de assistência à saúde.

Ambas as abordagens seguem protocolos rigorosos e são essenciais para a prevenção de infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS).
A limpeza concorrente refere-se à limpeza rotineira realizada diariamente nos ambientes hospitalares enquanto o paciente ainda está internado.
O objetivo é remover sujidades visíveis e reduzir a carga microbiana em superfícies frequentemente tocadas, como maçanetas, corrimãos, bancadas e banheiros, prevenindo a transmissão de patógenos entre pacientes e profissionais de saúde.
Essa limpeza utiliza agentes de limpeza apropriados e segue protocolos para evitar contaminação cruzada, como o uso de baldes e panos coloridos para diferentes superfícies.
Já a limpeza terminal é realizada após a alta, transferência ou óbito do paciente, especialmente em casos de infecção ou colonização por patógenos multirresistentes (por exemplo, MRSA, VRE, C. difficile) ou agentes altamente transmissíveis.
Envolve uma limpeza minuciosa de todas as superfícies do quarto, seguida de desinfecção, visando eliminar completamente resíduos orgânicos, biofilme e micro-organismos, incluindo esporos.
A limpeza terminal requer treinamento específico dos profissionais e uso de agentes desinfetantes com eficácia comprovada contra esporos e patógenos relevantes.
A American Society for Gastrointestinal Endoscopy recomenda que a limpeza terminal inclua tanto a remoção física de sujidades quanto a desinfecção adequada, utilizando agentes distintos para cada etapa.
A escolha dos desinfetantes para limpeza terminal em ambientes hospitalares com risco de patógenos multirresistentes deve ser baseada no perfil microbiológico do ambiente e nas evidências clínicas mais recentes.
Os principais métodos e agentes recomendados podem ser organizados por tópicos:
Compostos de amônio quaternário são utilizados rotineiramente para limpeza terminal em quartos que não tenham sido ocupados por pacientes com infecção ou colonização por Clostridioides difficile. Esses compostos são eficazes contra MRSA, VRE e Acinetobacter multirresistente, mas não possuem atividade contra esporos de C. difficile.
Hipoclorito de sódio (solução a 10%) é considerado padrão ouro para desinfecção terminal de ambientes contaminados por C. difficile, devido à sua eficácia contra esporos. Também pode ser empregado em estratégias reforçadas para outros organismos multirresistentes, como VRE, especialmente em situações de surto.
Luz ultravioleta (UV-C) é recomendada como método suplementar à desinfecção química, principalmente em ambientes de alto risco ou após pacientes portadores de patógenos multirresistentes. Estudos multicêntricos demonstram que a adição de UV-C à limpeza terminal reduz a incidência hospitalar de C. difficile e VRE, embora não substitua a limpeza manual.
Vapor ou aerossol de peróxido de hidrogênio é utilizado como complemento à limpeza manual em situações específicas, como surtos de Candida auris, Ebola, ou outros patógenos de alto impacto. Evidências apontam redução da colonização ambiental e infecção hospitalar quando empregado como método suplementar.
Protocolos institucionais devem especificar o desinfetante apropriado para cada patógeno e ambiente, bem como o tempo de contato necessário para eficácia. Métodos alternativos, como superfícies autodesinfetantes ou limpeza probiótica, ainda não possuem evidência clínica robusta para recomendação como padrão.
Em resumo, a diferença central é que limpeza concorrente é diária e preventiva durante a internação, enquanto limpeza terminal é uma intervenção intensiva e completa após a saída do paciente, especialmente em situações de risco infeccioso elevado.
NOTA DE ESCLARECIMENTO
Este artigo possui caráter exclusivamente informativo e não deve ser interpretado como orientação médica, técnica ou profissional. Para decisões técnicas, clínicas, diagnósticas ou terapêuticas, recomenda-se a consulta com profissionais habilitados, bem como a referência aos conselhos de classe competentes e à bibliografia oficial disponibilizada por órgãos reguladores.




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